dera
Cena 1
( A menina e senhora conversam na varanda da casa) Senhora - Toma, eu fiz isso aqui pro cê comer na viagem, e essa correntinha é pra nossa senhora da Aparecida te proteger. Menina - ( abrançando a senhora) Até a volta. Se cuida e vê se cuida desse velho turão.
Interior de Minas de Gerais. É outono e tem dia de céu azul e dia de céu cinza. Na parede um quadro de nossa senhora de fátima. E na porta o mesmo par de sapatinhos vermelhos. A café tem cheirinho de café. Na sala, um rádio velho. Aquela senhora já não está ao redor da mesa. Se vê a imagem de um senhor, que beija com carinho a testa de uma menina. A menina chora. Há fotos e papeis pelo chão.
( A menina e o senhor conversam em um balanço do lado de fora de casa)
Menina - E pra onde a gente vai quando vai embora?
Senhor- Uns vão pra longe. Outros só até a esquina.... E têm aqueles que nunca vão embora.
Menina - Não? E eles ficam onde?
Senhor - Aqui, oras, dentro da gente.
Interior de Minas de Gerais. É inverno e o céu é cinza quase todos os dias. Na parede um quadro de nossa senhora de fátima. A casa já não tem aquele cheirinho bom de café. Não havia ninguém ao redor da mesa, e dessa vez, também ninguém ao lado do rádio. A casa está vazia. Só uma menina que chora enquanto olha as fotos e os papéis espalhados no chão. Apegou-se tanto àquele amor. Que dia após dia esperava por ele na porta daquela casa com seus sapatilhos vermelhos.
( A menina na varanda com um livro na mão)
Talvez, Guimarães Rosa tenha razão, a gente só precisa morrer pra provar que viveu.
Talvez, o mundo seja mesmo mágico.
E talvez, um dia, por algum