Degustem o conhecimento para não ficar patê, porque quem nasce pra patê nunca vira terrine
310 palavras
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Vira-e-mexe um papo entre as coifas e salão é reincidente. Achei pitoresco quando me perguntaram sobre isso, voilá.Acho interessante, para ser polida, a tenra infância dos personagens de desenho animado deslumbrados com o metiê gastronômico. Paladar é igual a ensino fundamental, depois ensino médio, depois faculdade. Não adianta você chegar ontem e querer sentar na janela. Não basta tão-somente agora poder, tem que ter uma história com a comida, tem que viver pra conhecer, pois a educação do palato leva tempo pra ser bem construída. Vamos voltar pra escolinha e escrever no caderno nosso caso de amor e história com a comida.
Anime-se, sempre é tempo, em qualquer idade, pra escrever seu caderno com dignidade. É cimentada numa casa onde isso faça parte da cultura e dos valores, onde isso seja parte da sua memória afetiva, onde haja o registro de fotos com cheiro, onde isso seja o elemento agregador de pessoas.
Mais tarde, quando você passar de ano, onde isso te transporte muitas vezes para in loco conhecer o berçário de cada DOC, te levar a conhecer o embaixador, a parteira e o progenitor de cada produto, te levar a ser lisonjeado quando receber inúmeros produtos para testá-los. Para saber, tem que degustar com propriedade, e não comer. Tem que comer panela, palavras, idéias, livros e revistas. Tem que gostar mesmo de tirar foto é das comidas e não só das pessoas. Tem que mastigar o clássico pra vislumbrar ser apresentado ao contemporâneo. Tem que saber relativizar a alta e “baixa” gastronomia. Tem que comer comida de respeito em bar e em Michelin. Tem que ter subido cada degrau da escada, uma garfada atrás da outra, pra não se empanzinar e não ser indigesto o desencantamento alheio.
Degustem o conhecimento pra não ficar patê, porque o que nasce pra patê, nunca vira