Darwin, evolução e neurociências
Antes de Darwin, a maioria das pessoas aceitava idéias de que o mundo natural fora criado. As espécies não eram conectadas numa única “árvore da vida”, pelo contrário, eram completamente separadas, vistas como entidades não relacionadas entre si, como se não houvesse um parentesco entre elas. Os seres vivos eram concebidos como criaturas criadas num passado remoto e teriam permanecido inalterados ao longo dos tempos, sem qualquer mudança, pois o planeta Terra era considerado muito jovem – com cerca de 6000 anos de idade. Portanto, de acordo com a lógica da ocasião, não haveria tempo suficiente para as espécies se alterarem. De acordo com essas noções, o ser humano não seria parte do mundo natural, estaria completamente fora dele e, na verdade, estaria “bem acima disto!”.
Nesse contexto, afirmar, como fez Darwin, que o homem não é o centro da natureza, mas apenas mais uma espécie que compartilha ancestrais com moluscos hermafroditas acéfalos e, mais recentemente, com primatas, talvez tenha causado mais impacto do que a proposta de Copérnico, em 1543, de que a Terra não era o centro do universo, mas sim que ela girava em torno do Sol. Entretanto, ao contrário da revolução copernicana, que não chamou muito a atenção do público enquanto os detalhes científicos não foram amplamente analisados, a revolução darwiniana teve, desde o início, os mais diversos espectadores tomando partido, incluindo leigos, filósofos, religiosos e políticos, além dos cientistas. E, diferentemente da descoberta de Copérnico, a teoria da evolução ainda encontra considerável resistência nos dias de hoje principalmente entre os religiosos, mas raramente entre cientistas. Deste modo, não seria demais afirmar que Darwin teve a mais perspicaz influência na cultura humana que qualquer outro cientista jamais teve, pois sua contribuição levou a uma revolução sobre como o homem vê a si mesmo.
O conceito de evolução das espécies por meio da seleção natural é uma