Dario Fo
No “Manual Mínimo do Actor”, Dario Fo reúne textos proferidos em palestras, seminários ou encontros e nele define as sua ideias de teatro e actor (quase sempre o actor cómico, ligado à Commedia dell’Arte), assumindo uma postura clara de contestação às teorias de Denis Diderot, postuladas no seu “Paradoxo sobre o Actor”.
Para Dario Fo, a Commedia dell’Arte baseia-se na combinação de diálogo e acção, monólogo falado e gesto executado, e nunca exclusivamente na pantomima. Contraria Benedetto Croce que afirma que os actores são apenas hábeis histriões e mímicos com muita graça, não artistas mas sim pessoas de “ofício” (sendo que ele não entende a palavra ofício associada à arte).
Dario Fo concorda, no entanto, com alguns estudiosos que definem a Commedia dell’Arte como Comédia dos Actores ou dos Histriões, já que todo o jogo teatral se apoia no actor: o actor histrião é autor, director, montador, etc, e passa indiferentemente do papel de protagonista para o papel de “escada”, improvisando, surpreendendo o público e muitas vezes os actores que participam no “jogo”.
Mas para que esta forma de actuar não resulte num total fracasso, com perdas de ritmo e congestionamento de piadas, Fo considera essencial a habilidade e a feliz cumplicidade estabelecida entre cómicos e público a cada récita. Assume-se, desta forma, claramente contra o pensamento de Denis Diderot, já que este último não admite aquele elemento de imponderabilidade que é o espectáculo resultar também da relação com o público, ou seja, não suporta a ideia que um espectáculo possa depender do actor, do seu particular estado de ânimo, se ele estava ou não numa noite de graça, se o público estava em sintonia ou ensimesmado em absoluto desânimo.
Diderot imagina um actor capaz de programar e controlar a própria exibição, sem margem para surpresas, ou seja, racionalidade e distanciamento da emotividade, sem deixar nada ao acaso. E dizia que é a sensibilidade extrema que