Darcy Ribeiro
A CHEGADA DO EUROPEU NA “ILHA BRASIL” Com a chegada dos europeus na “ilha Brasil” os indígenas ficaram muito apreensivos por não saberem quem eram aqueles homens. Acharam que podia ser enviados do deus Sol, Maíra, segundo a concepção mítica que acreditavam. Isso porque na cultura indígena não havia quem explorava seus semelhantes, tudo era de todos e todos desempenhavam sua função em favor do grupo. Havia um respeito mútuo. O mito e as crenças são formas fantásticas de explicação da realidade. Acreditavam que no mundo natural há uma força mágica e invisível que rege com perfeição e harmonia tudo o que existe. Há uma interação direta entre o indígena e essas forças. Antigamente, os livros escolares mostravam os europeus como heróis e os indígenas como selvagens. Contudo a história omitiu por muito tempo fatos importantes. A viagem em naus de Portugal ao Brasil demorava muitos meses e os alimentos eram escassos. Não havia comida e nem água para todos. Devido a alimentação precária e a falta de higiene, muitos homens adoeceram na viagem. A principal doença era o escorbuto, provocada por carência de vitamina C. Para evitar o escorbuto, se alimentavam de ratos e baratas que pulavam nas naus. Isso porque a carne dos ratos é rica em vitamina C e as baratas são fontes de proteínas. Portanto, devido a essas condições, os portugueses desceram sujos, doentes, magros e não como revelava a história dominante, como bem trajados e com pompa real. A chegada dos portugueses no Brasil foi analisada pelos historiadores através da carta de Pero Vaz de Caminha. Analisando criticamente, pode-se perceber que a maior preocupação dos portugueses era encontrar ouro na nova terra. Na carta diz que os indígenas cuspiram os alimentos oferecidos pelos portugueses. Hoje, sabe-se que esses alimentos estavam estragados por ficar muito tempo sem conservação. Certamente, a chegada dos portugueses ao Brasil foi algo terrível aos indígenas, pois tribos