Dados de Itiquira MT
A redução de 7% do peso corporal e a prática de exercícios físicos por 30 minutos diários são suficientes para prevenir o diabetes tipo 2 em 58% das pessoas que já apresentam intolerância à glicose, um estágio anterior à diabetes também conhecido por "pré-diabetes". No Brasil, estima-se que pelo menos 8% da população estejam nessa condição.
A eficácia da mudança do estilo de vida na redução dos riscos do diabetes foi demonstrada em dois estudos internacionais, que acompanharam durante três anos 3.756 homens acima de 50 anos. Outros dois trabalhos mostram que o tratamento dos intolerantes à glicose com drogas antidiabéticas também reduzem o risco à doença em 32% e 56%.
A intolerância à glicose significa que o corpo não está reconhecendo adequadamente a ação da insulina (hormônio responsável por retirar o açúcar do sangue e permitir sua entrada nas células). Essa falha leva ao aumento dos níveis de açúcar no sangue.
Embora muitos médicos brasileiros já estejam tratando pacientes pré-diabéticos com remédios, a medida é polêmica em razão da inexistência de estudos científicos que comprovem a segurança da terapia a longo prazo.
Para o endocrinologista Leão Zagury, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, por não se conhecer os efeitos do uso continuado dos antidiabéticos por pessoas com intolerância à glicose, a terapia não é 100% segura.
Ele defende que o médico insista para que o paciente mude o seu estilo de vida, perdendo peso e praticando atividades físicas diárias. "O uso das drogas deve ser o último recurso", afirma o médico.
Já o endocrinologista Freddy Goldberg Eliaschewitz, coordenador do núcleo de terapia celular e molecular do Instituto de Química da USP, avalia que o tratamento dos pré-diabéticos com remédios é "factível e defensável".
Para ele, é mais fácil o paciente tomar medicamentos do que mudar o estilo de vida. "Essa é a parte mais difícil da medicina: fazer com que paciente perca peso e mantenha isso", diz.