dada
“Mundo mundo vasto mundo / mais vasto é o meu coração” – esses versos pertencem ao “Poema de sete faces”, publicado em Alguma Poesia, de 1930, o primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade. Os primeiros versos de “Mundo grande”, poema deSentimento do Mundo, publicado dez anos depois, parecem ser uma resposta a eles: “Não, meu coração não é maior que o mundo. / É muito menor”. Entre um e outro trecho, há todo um trabalho de pesquisa interior, em que duas tendências fortes da poesia do escritor são colocadas em confronto: de um lado, a persistência do intimismo e da subjetividade; de outro, a imposição dos fatos históricos, que exigiam uma arte comprometida, engajada, que respondesse adequadamente às questões que o tempo colocava diante dos intelectuais.
Depois das inovações de linguagem promovidas pelos modernistas de 1922, era preciso revolucionar a própria sociedade, o “mundo caduco” que dava sinais cada vez mais claros de esquizofrenia.
Os versos livres e brancos e o coloquialismo da linguagem, marcas características da literatura modernista, estão presentes no livro, heranças claras de Mário de Andrade e Manuel Bandeira (este último homenageado em um poema do livro). Ao lado delas, nota-se a convivência pacífica entre imagens simples e outras, mais herméticas, de teor surrealista.
A composição dos poemas do livro coincide com a transferência de Drummond para o Rio de Janeiro, na condição de funcionário público federal. Sua poesia ganha em amplitude, seu olhar parece lançar-se sobre o mundo (“Mundo grande”). No entanto, a marca da terra natal não o abandona (“Confidência do itabirano”), e sua mineiridade continua a aflorar com toda a força (“Canção da moça-fantasma de Belo Horizonte”).
O vilão era o estado opressor – responsável tanto por ditaduras espalhadas pelo mundo, da Alemanha ao Japão, da Itália a Espanha, de Portugal ao Brasil, quanto pela miséria a que estava relegada a maior parte da população do planeta. A vitória sobre ele