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Jorge Andrade via este mundo com olhos críticos ainda que não isento de difusa nostalgia (afinal, ele era filho de fazendeiro). Descreveu as ilusões e desesperos do proprietário quando a fazenda vai a leilão. Em "O Telescopio" mostrou a desagregação moral destas mesmas familias, agora engalfinhadas em disputas de herança, surgindo em cena o filho bêbado e revelador do "fim da raça". Raça de obstinados conquistadores vindos de Minas Gerais quando a mineração do ouro entra em colapso; e que Jorge Andrade recuando no tempo, descreve com grandeza em "Pedreira das Almas".
Desviando momentaneamente a atenção da casa grande da fazenda, o dramaturgo captaria outro aspecto do drama rural brasileiro em "Vereda da Salvação", onde camponeses espoliados escapam do cotidiano miserável pela via do misticismo agressivo. Tema forte da sociologia rural que o artista traz para o palco. E, para encerrar sem tons fúnebres mas com bastante ironia, uma comédia sobre os últimos dias dos chamados velhos troncos paulistas: "Os Ossos do Barão", engraçada, e secretamente dolorida, rendição dos quatrocentões ao dinheiro emergente do novo rico italiano. Ele ficará como um escritor maior do teatro, e uma dia será revisto em cena com admiração (tem peças inéditas em São Paulo). Dentro de um quadro temático variado e com autores do nível de Nelson Rodrigues, Dias Gomes, Gianfrancesco Guarnieri e Plínio Marcos entre outros, Jorge Andrade traçou e cumpriu um belo destino de