Cultura
“Termo de aplicação virtualmente ilimitada, que inicialmente pode ser entendido como uma referência a tudo o que é produzido pelos seres humanos, excluindo-se o que forma parte da natureza. Sem dúvida, tem-se observado com frequência que, dado que a natureza mesma é uma abstração humana, também ela tem uma história, o que, por sua vez, significa que é parte da cultura.” (...)
“Duas tentativas extremas de limitar o significado do termo podem encontrar-se no seu uso técnico por parte de antropolólogos dos Estados Unidos da América para referir-se aos dados básicos da antropologia, e em seu uso honorífico, desde o século XVII até o século XIX (por exemplo, por parte de Matthew Arnold) para referir-se aos mais magníficos produtos da civilização.” (...)
“Raymond Williams começa seu famoso ensaio sobre a ‘cultura’ admitindo que ‘é uma das duas ou três palavras mais complicadas da língua inglesa’. A complexidade, sem dúvida, não é só uma questão de utilidade de um termo ou de eficácia de um conceito. Para aqueles que se enfrentam com a realidade do conflito cultural, o problema pode consistir em que alguém ou as próprias relações sejam – ou não – reconhecidos pela definição de humano de outra cultura. Homi Bhabha chega à conclusão de que ‘não pode haver um sujeito da cultura ética ou epistemologicamente equivalente’. Se não é possível identificar uma humanidade transcendente que não esteja baseada na concepção do valor de uma cultura determinada, então o que resta é aquilo que Bhabha chama ‘a arcaica indecibilidade da cultura’. Se um grupo étnico ou nacional pode definir a outro como não humano ou subhumano, então a cultura se converte subita e tribalmente em específica e exclusiva. A própria definição é um ato de violência e um convite a um potencial – quando não tornado realidade – genocídio. Quando uma cultura elimina o que considera não humano, identifica a si mesma, de acordo com sua própria definição, como humana. A identificação cultural em