Cultura
Rito de purificação agita sede da Fundação Cultural Palmares
Por Suzana Varjão
Foto: Januário Garcia
O tradicional cortejo das baianas, no aniversário da Fundação Cultural Palmares de 2009
Acontece, nesta sexta-feira (20), a Lavagem da Fundação Cultural Palmares, como parte da programação que celebra seus 22 anos de luta em defesa da cultura afro-brasileira. A partir das 11 horas, baianas em trajes típicos, carregando vasos com flores e água-decheiro; alabês (sacerdotes e sacerdotisas); iniciados, iniciandos e simpatizantes do rito de purificação ocupam sede e arredores da Palmares, durante o ato que abre, espiritualmente, os caminhos da Fundação – ou das pessoas que a compõem.
Ritual sincrético, a lavagem (ou ablução, do latim ablutio, que significa “lavagem”) está vinculada à tradição dos orixás jeje-nagôs no Brasil, sendo um dos rastros mais evidentes do mimetismo ao qual a religiosidade africana recorreu, numa criativa e eficiente estratégia de resistência. Vinculada diretamente ao Catolicismo e ao Candomblé, nos locais em que se realiza depõe em favor do perdão, da comunhão de crenças e da tolerância religiosa.
Como a maioria das celebrações associadas às religiões de matriz africana, o rito da Lavagem celebra a fé com festa, associando, por exemplo, a exaltação espiritual ao prazer da degustação. Assim, após o tradicional cortejo das baianas e a cerimônia da bênção, os convidados da Palmares experimentarão um dos mais tradicionais pratos da culinária afrobaiana – o caruru -, embalados pela performance contagiante de grupos de samba.
A iguaria africana é preparada com azeite-de-dendê e camarão seco
O CARURU
O caruru é um prato típico da culinária baiana. Trazido para o Brasil por escravos africanos, é uma das iguarias mais apreciadas pelos orixás, sendo preparado com quiabos, cortados em pequenas rodelas e cozidos com azeite-de-dendê e camarão seco. Degusta-se, em