cultura e relativismo
Em outras palavras, substitui-se um equívoco por outro. Consideremos um pouco mais este segundo. Ele deriva da constatação de que a avaliação de cada cultura e do conjunto das culturas existentes varia de acordo com a cultura particular da qual se efetue a observação e análise; isso diria respeito a qualquer caso e não só ao da visão européia de evolução social única dos grupos humanos; poderia ser aplicado, por exemplo, àquela comparação entre duas sociedades primitivas de que falei atrás. Verifica-se assim que a observação de cultura alheia se faz segundo pontos de vista definidos pela cultura do observador, que os critérios que se usa para classificar uma cultura são também culturais. Ou seja, segundo essa visão, na avaliação de culturas e traços culturais tudo é relativo. Passa-se assim da demonstração da diversidade das culturas para a constatação do relativismo cultural. Observe o quanto essa equação enganosa. Só se pode propriamente respeitar a diversidade cultural se entender a inserção dessas culturas particulares na história mundial. Se insistirmos em relativizar as culturas e só vê-las de dentro para fora, teremos de nos recusar a admitir os aspectos objetivos que odes envolvimento histórico e da relação entre povos e nações impõe. Não superioridade ou inferioridade de culturas ou traços culturais de modo absoluto, não há nenhuma lei natural que diga que as características de
Uma cultura a façam superior a outras. Existem, no entanto processos históricos que as relacionam e estabelecem marcas verdadeiras e concretas entre elas. O absurdo daquela equação acima referida se manifesta no fato deque enquanto a ciência social dos países capitalistas centrais elaborava teorias relativistas da cultura, sua civilização avançava implacavelmente, conquistando e destruindo povos e nações, tendo como instrumento uma capacidade de produção material que não é nem um pouco relativa. Vemos, pois, que a questão não é só pensar na evolução de