Cultura Sert O Da Bahia 01
Muito mais que isso, o seu território, excetuando-se a faixa litorânea, o recôncavo e a pequena área de exploração mineral, é majoritariamente sertanejo e sofreu e sofre influência deste. O território sertanejo da Bahia é mais ou menos equivalente à soma dos outros oito estados do Nordeste. Na literatura que objetiva aprofundar conceitualmente as noções de cultura e patrimônio, muitos estudiosos e técnicos advogam a relação intrínseca existente entre território e patrimônio cultural. Isso significa reconhecer que onde há território e gente habitando há repertórios culturais. Esta concepção, entretanto, histórica e politicamente, nunca foi levada em conta em nosso estado e no resto do Brasil. E está ainda longe, em pleno século XXI, de ser considerada. Especialmente na Bahia onde, fruto da colonização, preponderou uma espécie de cegueira que leva a uma tirania que, reconhecendo só o seu passado colonial em torno da Baía de Todos os Santos – uma área mínima do seu território –, despreza-se o seu maior território cultural: o sertão. É nessa breve e superficial contextualização que se insere a situação da cultura sertaneja. Desconhecida. E, portanto, rejeitada, desconsiderada, excluída, desrespeitada e tratada de forma preconceituosa, inclusive, dentro dos equipamentos do próprio Estado, a quem caberia cuidados e políticas públicas voltados para seu reconhecimento. É preciso relembrar que, exceto o período de 1983/90 – coincidentemente quando sertanejos estiveram à frente do governo da Bahia e da sua Secretaria da Educação e Cultura – historicamente, os órgãos governamentais responsáveis pela condução da política cultural do estado da Bahia nunca incluíram de forma sistemática ações voltadas para a cultura do sertão – sobretudo seu patrimônio imaterial. É como se não existisse. Como se não fosse, a cultura sertaneja, baiana. Sem as iniciativas –