cultura da massa
Rodrigo Duarte. Teoria crítica da indústria cultural. Belo Horizonte: Editora UFMG,
2003. 218p,
Verlaine Freitas.
Abrangente e minucioso: duas características, em geral mutuamente excludentes, que podem ser atribuídas ao livro de Rodrigo Duarte, que fala sobre a abordagem dos filósofos da Escola de Frankfurt em relação ao fenômeno da indústria cultural. O percurso do autor é extenso: desde elementos históricos da fundação da Teoria
Crítica, até os desdobramentos econômico-políticos atuais do fenômeno da globalização no âmbito da cultura de massa, passando pelas formulações iniciais de Marcuse, Benjamin e Adorno, e concentrando-se nos escritos deste último sobre o tema, seja na Dialética do esclarecimento, ou nos textos sociológicos e propriamente estéticos.
O contexto de surgimento da Escola de Frankfurt já indica uma das peculiaridades de suas produções teóricas. Max Horkheimer e seus companheiros formaram um grupo de intelectuais que se recusava a assumir a diretriz dos então atuantes partidos comunistas ou social-democratas. Sua tarefa era a de resgatar a dimensão crítica da filosofia e das ciências sociais através de estudos interdisciplinares que congregavam diversas formas de conhecimento, tal como a sociologia, a psicanálise, a pesquisa empírica, teorias artísticas e obviamente a própria filosofia. Em vez de um pensamento teórico pretensamente desinteressado de seu objeto de estudo, tal como a teoria tradicional, esse grupo trouxe para a própria teoria a dimensão transformadora da realidade que /192/ foi reclamada por Marx. Por outro lado, foi necessário evitar também a alternativa de aplicação da teoria na realidade social como foi tentado nos países do leste europeu. Esse posicionamento da Escola de Frankfurt fica evidente em todo o livro de
Rodrigo Duarte, na medida em que a análise da cultura de massa não se rende a uma simples patrulha ideológica, nem tão pouco a uma investigação formal de seus constituintes ou