Cultura afro-brasileira
No Brasil, um país predominantemente marcado pela miscigenação, a definição de uma identidade nacional é controversa. Das três principais influências atuantes durante o desenvolvimento do povo brasileiro – a ameríndia, a européia e a africana – ora sobressaem-se individualmente, em espaços determinados, ora amalgamam-se e produzem um novo modelo detentor de aspectos próprios às três fortes culturas. Percebe-se, por parte de alguns, a concessão de distintas participações e funções nesta construção de identidade nacional, originando uma verdadeira representação limitante e preconceituosa, que constantemente desconsidera a importância das culturas indígena e africana na sociedade. Por conta de insistentes reivindicações através de décadas, nas quais foi fundamental a participação de movimentos organizados, foi aprovada uma Lei que obriga a inclusão no currículo do ensino fundamental e médio, tanto na rede privada quanto na particular, do ensino de Cultura e História Afro-brasileira. O presente estudo busca discutir as dificuldades na aplicabilidade dessa Lei. O verbete do dicionário Houaiss para cultura – “conjunto de crenças, costumes, atividades, etc, de um grupo social” – amplia o conceito de tal forma que, no caso estudado, desfavorece sua compreensão por propiciar uma idéia de generalização dos assuntos relacionados à cultura Afro-brasileira. Costuma-se dizer que a religião é o candomblé, que a música é o samba e que a comida é a feijoada. Tudo muito simplificado, limitado e, até mesmo, erroneamente colocado aos estudantes. A herança de uma educação branca e eurocêntrica condicionou a formação dos profissionais do ensino a temas afastados das outras culturas, gerando um despreparo dos educadores em relação à África, o que se reflete nos livros didáticos e em suas aulas. O conteúdo da disciplina História é extenso e privilegia os assuntos costumeiramente abordados, legando à superficialidade os