Cronicas CLIPE 1
Essa aconteceu com a Mara, e eu de carona.
Pra quem não a conhece, a Mara é uma mulher que pensa e age como homem, na maioria das vezes. Sei que no fundo ela ainda está à espera do príncipe encantado, desfilando com ele de braços dados no tapete vermelho da igreja onde irão se casar, na sua imaginação. Mas enquanto isso não acontece, ela desfila a cada semana (ou a cada três dias), com um despretensioso pretendente mesmo.
Tudo começou quando pedi uma carona pra Mara até o Posto de Saúde. Nada grave, eu apenas precisava adquirir minha abençoada Fluoxetina, remedinho que não me deixa na mão nem em dias de TPM mórbida. Quem toma sabe, e não é droga, é muito melhor que isso. Mas enfim, não conseguiria uma receita se não consultasse um médico. Conseguiria um médico se tivesse em condições de pagar, mas aí já é uma outra história que viraria um drama, e como a fluoxetina manda, não quero drama, apenas comédia. Enfim, rumo ao Posto do SUS.
No caminho do Hospital contava à Mara sobre minha última experiência num médico particular:
- Doutor, preciso solicitar alguns exames, quero fazer um check-up mesmo!
- Sim, vou pedir todos os exames possíveis, ok?
- Ah obrigada doutor!
(ah que fofo)!
- Inclusive o de HIV, ok?
- Claro doutor, agradeço!
(que ótimo! Tudo no pacote)!
- Afinal de contas, você é solteira ne..
(promíscua é tua mãe, seu cretino filho da puta!!! Tá pensando que eu sou tua mãe???)
Preciso dizer o quanto isso me “emputeceu”?
Enquanto contava isso à Mara, aproveitei a “carona” e discursei sobre direitos morais, direitos humanos, a sociedade promíscua, a sociedade não promíscua, pré-conceitos com estados civis (mas era só o que faltava), e principalmente indignação quanto à falta de bom senso de um médico estudado, formado e que esqueceu que o maior índice de contração do vírus HIV é causado pelo marido cretino que trai a esposa na rua sem camisinha...(sinceramente eu não sei se este dado é verídico, mas só pelo fato de existir já me enoja).