Crise
Gentil Corazza⊗
1. Introdução
O objetivo deste texto é fazer uma análise da crise e da reestruturação do sistema bancário brasileiro, após a implantação do Plano Real, em junho de 1994. Inicialmente, discute-se a natureza das crises bancárias, em geral, para depois analisar o impacto do Plano Real sobre o funcionamento e a estrutura do sistema bancário nacional. Em particular, procura-se analisar a situação e o papel dos três grandes bancos, o Econômico, o Nacional e o Bamerindus, na detonação da crise, bem como discutir as medidas do Banco Central para resolver a crise e fortalecer o sistema financeiro nacional. O Plano Real provocou impactos profundos na estrutura e no funcionamento dos bancos no Brasil. Os bancos tiveram que se adaptar ao fim das receitas inflacionárias, readaptar sua estrutura administrativa, reduzir custos e procurar novas fontes de receitas. Nesse processo, além de bancos grandes e médios, inúmeras pequenas instituições foram extintas. Isto provocou a redução do número de bancos e uma acentuada concentração do sistema bancário. O Plano Real também promoveu uma abertura significativa do sistema bancário nacional ao capital externo, através do ingresso de novos bancos ou da venda de bancos nacionais a estrangeiros. Além de dimensionar o atual processo de internacionalização bancária, procura-se também discutir o impacto positivo e negativo, bem como os limites desse processo. O texto procura, finalmente, fazer uma análise comparativa entre o sistema bancário nacional e a situação de outros países, através do uso de vários indicadores estruturais e de desempenho de suas atividades.
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Este texto faz parte do Projeto de Pesquisa “Banco Central e Sistema Financeiro: crise e supervisão bancária no Brasil”, financiado pelo CNPq. A elaboração dessa pesquisa contou com a colaboração dos bolsistas da Fapergs, Martinho Lázzari e Fábio Pesavento. ⊗ Professor do Departamento de Economia da Ufrgs