Crise financeira, energia e sustentabilidade no Brasil
e sustentabilidade no Brasil
Oswaldo Lucon e José Goldemberg
A
crise financeira que assola a grande maioria dos países tem como con-
sequência imediata a redução da atividade econômica e o desemprego.
Como a atividade econômica está intimamente ligada ao consumo de de energia, o que se espera é que a quantidade de energia consumida diminua também. À primeira vista essa parece ser uma boa noticia: havendo menor demanda, os preços deverão cair, como ocorre quando o comércio promove suas liquidações. A forte queda do preço do petróleo, por exemplo, se deve provavelmente a esse fato e à retração do crédito que reduziu a especulação que existia nesse setor. No passado, o petróleo era vendido diretamente pelos produtores às empresas que o refinavam e depois o vendiam às distribuidoras. Nos últimos anos, contudo, o petróleo entrou para a categoria de commodities – produtos negociados nas bolsas de valores. Com isso, o número de intermediários entre produtores e consumidores finais cresceu vertiginosamente. As operações comerciais e financeiras aumentaram em volume e sofisticação. Especulava-se com o preço do petróleo como se especulou com dívidas imobiliárias. Os resultados são hoje bem conhecidos. Era comum, até bem recentemente, a existência de 15 a 20 intermediários nas transações de petróleo entre produtos e distribuidores. O mesmo ocorreu com o gás natural, cuja cadeia produtiva é intimamente ligada à do petróleo. O reduzido número de fornecedores de petróleo e gás facilita esse processo. Com o carvão, outra fonte importante de energia, isso não acontece.
Seu custo tem variado pouco porque nesse setor há recursos abundantes e mais bem distribuídos geograficamente. Existe um maior número de fornecedores e não sobra espaço para muita especulação.
Em 2006, 81% da energia utilizada no mundo se originaram em combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás). Somente o petróleo foi responsável por
34%. O que se pode