criaçao do mundo
Na teologia da criação do Gênesis, a soberania do Deus criador atinge o seu ponto mais alto ao apresentá-lo como o Senhor da vida, isto é, como aquele que tem completo domínio sobre a vida. Ele é o Senhor da vida porque é o Deus vivo e o Deus que dá a vida a todos os seres deste mundo. Sua palavra tem o poder de ressuscitar os mortos, isto é, de criar vida onde não há. Foi usando esse poder que ele transformou uma massa informe, vazia e tomada pela escuridão em um mundo apto para a vida.
Para essa teologia, a vida não é fenômeno natural, mas dádiva milagrosamente preservada pelo próprio Deus. Tampouco é algo que nos pertence e que podemos fazer com ela o que bem entendermos. O encontro marcado com o autor e fonte da vida em Gênesis 1 e 2 deve resultar em uma lição de vida, que nos faz refletir sobre o prodígio de estar vivo e de viver.
O Senhor da vida
Gênesis começa assim: “No princípio criou Deus o Céu e a Terra”. Esta primeira frase introdutória não somente estabelece o tom, mas também sintetiza o essencial da narrativa. O verbo "criar" que aparece nela é uma tradução do verbo bara', empregado nas Escrituras hebraicas especificamente para referir-se ao poder criador de Deus. Esse verbo nunca é usado para descrever qualquer qualquer ação criadora do ser humano.
A sua colocação logo no começo constitui uma espécie de advertência: "Encare o poder criador de Deus com humildade e respeito, pois é completamente diferente da capacidade criativa do ser humano. Trata-se de um poder cósmico, o único capaz de gerar e sustentar a vida”.
Esse recado é importante para todos, porque a gente sempre tem a tendência de atribuir a Deus forma, ações e atributos humanos. É especialmente importante para os cientistas e os tecnólogos, principalmente para os físicos, que imaginam que, pelo conhecimento e a capacidade que adquiriram (estudando a criação!), podem dispensar a Deus.