Crescimento Populacional e Meio Ambiente: o discurso neomalthusiano
A relação entre população e meio ambiente vem sendo interpretada predominantemente através da abordagem neomalthusiana, segundo a qual o equilíbrio ambiental apresenta-se como produto do tamanho e crescimento da população, havendo assim, uma relação direta entre crescimento demográfico e pressão sobre recursos naturais. Disso resulta a conclusão imediata da necessidade do controle populacional.
Essa visão simplista, no entanto, não relaciona a questão ambiental aos aspectos ligados ao desenvolvimento e ao crescimento econômico, ou seja, não incorpora que os padrões de produção e consumo, até então conhecidos, são extremamente devastadores e poluidores.
Assim, para a linha de pensamento neomalthusiana, apenas a dimensão demográfica é considerada, colocando-se na esfera do crescimento populacional o centro dos problemas econômicos, sociais e ambientais. A redução do crescimento da população dos países subdesenvolvidos bastaria para eliminar os problemas ambientais, além de contribuir para uma diminuição da população pobre.
Entretanto, a relação entre a dinâmica demográfica e a problemática ambiental apresenta-se de forma mais complexa. Conforme indica Martine (1993a), é preciso considerar que a fecundidade da população mundial já vem sofrendo uma queda significativa, com exceção da África e de alguns poucos países. Mas, devido ao fator inercial da dinâmica demográfica, esse declínio da fecundidade não se reflete imediatamente em reduções visíveis no tamanho ou ritmo de crescimento da população. Portanto, o incremento anual da população continuará aumentando até o fim do século, pois essa estrutura populacional já foi determinada, e na ausência de calamidades, não há como alterá-la a curto prazo.
Ainda segundo Martine (op.cit.), todos os países que apresentaram grandes reduções em seus níveis de fecundidade, o fizeram com "um mínimo de desenvolvimento e de modernização. Portanto,