Crash
Para onde vai a economia do país mais rico do mundo? | Um terremoto em Manhattan: investidores e curiosos amontoados diante da Bolsa de Valores de Nova York na 'quinta negra' | Um alvoroço incomum nos arredores da Bolsa de Valores de Nova York chamou a atenção do comissário de polícia da cidade, Grover Whalen, na última quinta-feira, dia 24. Por volta das 11 horas, um rugido cavernoso começou a escapar do edifício. Alguns minutos depois, já não era possível identificar se o bramido vinha de dentro ou de fora da Bolsa; uma multidão estrepitosa tomara as cercanias de Wall Street e Broad Street, como formigas rodeando um torrão de açúcar esquecido na pia da cozinha. Alarmado, o comissário logo enviou um destacamento especial para a região. A turba, contudo, não representava uma ameaça à ordem pública, como o oficial perceberia mais tarde. Com olhares horrorizados e incrédulos, os nova-iorquinos, espremidos uns aos outros, estavam inertes. Eles apenas esperavam, não se sabe ao certo quem ou o quê. Era o pânico.Dentro do prédio, a consternação era semelhante, e estava ainda mais evidente na agitada face de corretores e operadores, protagonistas e testemunhas do acontecimento que pode mudar os rumos da economia mundial. Símbolo maior da pujança econômica dos Estados Unidos, o mercado de ações, que se tornou verdadeira mania nacional nesta década gloriosa para os americanos, via seu baluarte, a rica e poderosa Bolsa de Nova York, despedaçar-se em poucos minutos naquela que já entrou para os anais como a "quinta-feira negra". Uma onda súbita e sem precedentes de vendas tomou de assalto o pregão nova-iorquino. Ações outrora valorizadas simplesmente não encontravam novos compradores, nem mesmo por verdadeiras ninharias. Os preços dos papéis, fossem eles da United States Steel ou da American Telephone and Telegraph, caíam