Cotton L Sbicas RADFEM
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Dizem por aí que o feminismo radical se assemelha ao fundamentalismo religioso, se mulheres têm denunciado dessa forma considero fundamental que tratemos disso, nada deve ser abafado. Não gosto de trabalhar com base em achismos, mas experiências, as minhas, as suas e a de nós mulheres. Lésbica desde que me entendo por gente, por duas vezes na vida me senti suja por amar outras mulheres. A primeira delas, quando no cristianismo, e a segunda por mais inusitado e triste que seja, no feminismo. Nascida numa família conservadora e cristã, eu entendi desde cedo que ser mulher é um pecado mortal, afinal Eva carrega nas costas todo o peso e desgraça do mundo, mas ser mulher e lésbica é um pecado irrevogável.
Os machos não aceitam que mulheres amem mulheres, porque isso implica na perda de privilégios, eles acreditam que somos suas propriedades e através do pênis que não se limita a uma opressão simbólica, mas, também, material, têm nos dominado.
"Deus ama o pecador, mas não ama o pecado"
Quantas de nós já não ouvimos isso? Em que isso se parece com o livre arbítrio e autonomia que mulheres têm buscado sobre seus corpos? Isso, inclusive, pode ser colocado como parte da cultura do estupro que usa de coerçao para fazer mulheres, no caso lésbicas, cederem a sexo nao consentido. Se mulheres cedem a sexo nessas condições, chamamos estupro. Temos um estupro consumado, não há eufemismo pra isso.
Mas sim, por muitas vezes esse discurso me machucou de todas as formas, eu sentia nojo de mim e vergonha, não queria que minha família e amigos soubessem, em partes porque nao queria magoar pessoas que eu gostava, mas nunca quis estar com homens e nao podia mais resistir ao desejo e amor por minhas iguais, aceitei meu ""trágico"" destino.
Porém, ao vivenciar do que eu era, ter contato com outras lésbicas e nossa cultura que tem sido construída há milhoes de séculos, eu pude, pela primeira vez, ser quem eu era de verdade, sem culpa, sem peso, sem nojo, eu me libertei principalmente