Corinthiano Sofre Muito
Olhava ao redor, admirado com aquela confusão para chegar, para estacionar (pagando até 50 reais para um flanelinha cuidar do seu carro) e me movimentar entre milhares de pessoas. Parecia haver pelo menos 60 mil loucos nos arredores do Pacaembu, hipnotizados pelo clima e pela energia que emanava da praça Charles Miller, onde a concentração de torcedores era ainda maior.
Mais próximo dos portões, as filas para entrar no estádio eram estratosféricas e as pessoas iam e vinham sem se importar com o tumulto. Para eles aquilo pouco importava, todos eram suficientemente experientes, na arte do corinthianismo, para saber que se a recompensa viesse ao final da partida, todo o sofrimento pareceria insignificante.
No meu caminho até o vestiário pude observar que, aliado aos cânticos de vitória, pessoas seguiam seus rituais de fé. O taxista que me largara ali estava com o agasalho da Gaviões e disse que com aquela roupa jamais perdera uma partida. Num grupo próximo ao portão 23 alguém pediu para ligar para a esposa para dar sorte e o outro disse, abraçando a mulher, que havia ganho todos os jogos que assistiram juntos. Suas superstições pessoais tinham como intuito, pelo menos na minha cabeça, espantar todos os espíritos maus que tentariam boicotar os planos de São Jorge para aquela noite…
Eu, um cético por natureza, descartaria veementemente todas essas repetições e crendices mas, inconscientemente, havia acabado de enfrentar a minha própria superstição ao sair de casa. Na última partida em que fui ao Pacaembu, perdemos