Cordiais saudações
“Estimo que este maltraçado samba Em estilo rude, na intimidade
Vá te encontrar gozando saúde
Na mais completa felicidade...”
Ao freqüentar a disciplina Culturas Políticas, tradição, fundação e modernidade, busquei fundamentação teórica para o estudo de nossa música popular como referência da construção de um pensamento sobre o Brasil e sobre os brasileiros.
Inicialmente, direcionei meu olhar para a música urbana carioca dos anos 1920 e 1930, representada principalmente pelo compositor Noel Rosa (1910 – 1937). Esta escolha deu-se, em parte, por minha admiração por sua obra musical, que aprendi a gostar ainda criança, embalada pelos antigos bolachões 78 rpm que tocavam na radiola de meu pai. Mas, hoje, principalmente, reconheço em Noel Rosa um dos principais representantes da construção de uma identidade musical brasileira, popular e moderna.
Noel iniciou sua carreira no Bando de Tangarás, com João de Barro, Henrique Brito, Alvinho e Almirante. Surgido em 1929, como prolongamento do conjunto amador Flor do Tempo, os Tangarás gravaram diversos discos e foram responsáveis por vários sucessos dos carnavais da época, muitos de autoria de Noel. Foram personagens importantes das rádios cariocas e chegaram a participar do filme Coisas Nossas, produzido por Wallace Downey. Gravaram juntos até 1931, quando seus integrantes passaram a seguir carreiras individuais.
Segundo Mathilda Kóvak,
Os tangarás fizeram o diabo! Foram para o modernismo o que Os Mutantes representaram para o Tropicalismo. Criaram instrumentos malucos feitos de vasilhas, utensílios domésticos, caixas estampadas, recipientes caseiros... gravaram com uma orquestra de latas de goiabada, de querosene e até um urinol.
Noel Rosa foi, dentre os integrantes do grupo, o mais irreverente, possuindo talento multimídia, pois, além dos dotes musicais, desenhava, escrevia, foi radialista e teve sua breve carreira marcada por vários sucessos. Com ele consolidou-se uma nova música