copa de 1950 1
Dia 16 de julho de 1950, 15h, Estádio do Maracanã. Brasil e Uruguai se enfrentam pela última partida da Copa do Mundo. Com o empate o Brasil se consagra campeão. Aproximadamente 200 mil pessoas estão presentes. O primeiro tempo passa sem gols. Logo no começo do segundo, Friaça abre o placar para o Brasil e a multidão vai ao delírio; minutos depois Schiaffino empata para o Uruguai e a multidão vai ao silêncio; pouco depois Ghiggia vira o jogo e a multidão vai ao desespero. Com o apito final do juiz e o Uruguai campeão do mundo, a multidão vai às lágrimas. Começa aí um dos maiores
“traumas” nacionais da história.
O antropólogo Roberto Da Matta acredita que este evento “é, talvez, a maior tragédia da história contemporânea do Brasil” (apud MORAES NETO,
2000, p. 39). E contextualiza as implicações daquele acontecimento: “Ocorreu no início de uma década na qual o Brasil buscava marcar o seu lugar como nação que tinha um grande destino a cumprir. O resultado foi uma busca incansável de explicações e responsabilidades para essa vergonhosa derrota”
(Ibid.).
De fato, o Brasil, sem participação significante nos conflitos da Segunda
Guerra, tinha, no crescente desenvolvimento de suas indústrias, a primeira condição para chegar ao tão sonhado “primeiro mundo”. A década de 50 prometia marcar essa passagem. Neste contexto, organizar a primeira Copa do Mundo do pós-guerra; construir, para o evento, o maior estádio do mundo
– o Maracanã – e conquistar o título eram objetivos vinculados à tentativa de afirmação nacional. O último falhou.
Pelo seu significado, pelas condições em que aconteceu e por sua repercussão – que ultrapassa os “traumas” individuais para transformar-se em um dos maiores “traumas” de toda uma nação – a derrota da Copa de 1950 entrou para história não apenas como uma partida de futebol, ou mesmo como a perda de uma Copa do Mundo (a derrota na final da Copa de 1998 não chegou nem perto da importância da derrota em 50): o