Conto de Poesia
A rua estava quieta
Nenhum rumor na rua deserta!
A luz fraca dos holofotes e os paralelepípedos machucados
Davam um certo ar de tristeza para a cidade.
As janelas estavam todas fechadas
Dava para notar a tinta escorrida... como lágrimas.
Onde ele estava?
Nada se ouvia além das gotas pequenas de água
Que se atiravam do céu pedindo socorro
Como o sangue que esvaía vagarosamente do meu corpo.
E aonde ele está?
Perguntava-me em pensamento
Mas não havia uma resposta concreta
Ele não estava aqui.
Mais uma gota machucava aquele paralelepípedo
Já não dava para saber se era sangue ou água.
Haviam muros ao meu redor
Tentavam sustentar a cidade
Mas estavam repletos de espectros
Presos
Pelo olhar espelhado de almas sofredoras de amor como a minha.
Onde ele poderia estar...?
Não havia nenhuma janela aberta para me contar.
A madrugada consumia o ar e todos os espaços
E não era só a tristeza agora que me atormentava
Havia um pouco de frio
Mas não era daquela madrugada gelada...
Mais uma gota de sangue pingava
Dava para ouvi-la ecoar quando se juntava a poça.
Ele não chegava... havia me abandonado?
Por que tinha que me deixar?
Teria esquecido o juramento de amor eterno que lhe prestei?
Não...
Eu já não podia sentir o meu corpo
A vida já se despedia...
Quando o vi se aproximando como um raio de sol
Com as mãos estendidas em minha direção!
Já me faltava ar nos pulmões
Quando os meus olhos piscaram profundamente
E o meu corpo se entregou ao chão molhado pela chuva.
Levantei-me
E mais feliz que nunca fui ao seu encontro!
Ele não havia me esquecido... voltou!
Abraçados ficamos o primeiro instante da nossa eternidade
E de mãos dadas seguimos embora pela cidade
Nos despedindo daquelas ruas
Dos espectros atormentados dos muros
E dos paralelepípedos machucados que não tiveram a nossa felicidade!
Ele havia voltado
Não ignorou o meu pedido de socorro.
E na rua deserta e quieta só restava agora
A luz fraca dos holofotes que