contabilidade
A Experiência Brasileira por Dionísio Dias Carneiro
A dívida externa brasileira tornou-se um assunto importante a partir da segunda metade dos anos 70 e mobilizou discussões acaloradas acerca das perspectivas de crescimento econômico ao longo de quase duas décadas.
A acumulação líquida de dívida externa (isto é, descontadas as reservas internacionais das autoridades monetárias) é resultado da diferença entre o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos e as entradas de capital no País, sob forma de investimento direto. Os déficits em conta corrente acumulados, depois dos preços do petróleo terem quadruplicado em 1973, foram o principal fator de endividamento externo brasileiro dos anos 70.
A partir de 1975, o governo Ernesto Geisel (1974-1979) decidiu aproveitar a liquidez internacional abundante e barata, lado a lado a uma perspectiva de crescimento do comércio internacional, para ajustar a economia aos novos preços internacionais. Isso foi feito por via da adoção de um programa ambicioso de investimentos que permitia fazer crescer a produção, sem pressionar as importações, substituindo o que era possível na produção tanto de insumos básicos, quanto de máquinas e equipamentos. Foi obtida uma taxa média de crescimento de 6,8% entre 1974 e 1979, praticamente a média histórica (ainda que abaixo dos 10% ao ano pretendidos), com um aumento da dívida externa de US$ 12,5 bilhões para US$ 46,9 bilhões em 1979.
As condições favoráveis ao endividamento externo deixaram de existir quando o aumento das taxas de juros, nos EUA, transmitiu-se aos mercados internacionais de capitais e elevou subitamente o serviço da dívida, ao mesmo tempo em que inviabilizou o crescimento das exportações, em decorrência da recessão mundial em 1981. Quando veio a moratória mexicana de agosto de 1982, provocando o desaparecimento do financiamento voluntário aos déficits externos de países latino-americanos, os gastos brasileiros com os pagamentos de juros