CONTABILIDADE
O mercado de trabalho brasileiro tem apresentado um desempenho muito bom nos últimos anos. No período de crescimento mais rápido na segunda metade dos anos 2000 houve forte criação de emprego. Porém, mesmo após a desaceleração do crescimento a partir de 2011, e a relativa estabilização em um patamar mais baixo de crescimento do
PIB, o mercado de trabalho continua se comportando de maneira bastante satisfatória
(Amitrano, 2013), com razoável criação de empregos formais e com taxas de desemprego em patamares baixos, sobretudo se comparado à média do inicio dos anos 2000.Em conjunto com essa melhora no mercado de trabalho, algumas políticas e fatores institucionais também contribuíram para fortalecer a posição dos trabalhadores junto ao mercado de trabalho, como, por exemplo, as políticas de valorização real do salário mínimo, e por consequência do seguro desemprego e outras transferências previdenciárias e sociais (Orair e Gobetti, 2010), além do aumento da cobertura de boa parte dessas transferências. (IPEA (2012) Gouvea; dos Santos ; Leal ; Silva Leão (2013) dos Santos, C. (2013)).
Partindo de uma abordagem baseada na ideia da Economia Política Clássica, em que a determinação dos salários depende de características políticas e institucionais e que o sucesso das negociações e dos ganhos salariais reais depende da posição de barganha dos trabalhadores, analisaremos a evolução dos salários reais no Brasil a partir dos anos 2000 à luz dessa concepção teórica. O objetivo do trabalho, portanto, é discutir em que medida essa melhora do desempenho da economia brasileira recente, sobretudo no mercado de trabalho, e o desenvolvimento de algumas políticas de transferências de renda e de proteção social e trabalhista conseguiu alterar o poder de barganha dos trabalhadores e, por consequência, a evolução dos salários reais.
Dessa maneira, o trabalho se articula em mais quatro seções, além dessa introdução e
conclusão.