contabilidade
Mulcahy certamente não é a primeira executiva-chefe a se queixar da miopia de Wall Street. Seus comentários, porém, tiveram repercussão porque, ao mudar o curso da famosa fabricante de copiadoras, ela foi submetida a um nível de pressão que poucos chefes de empresa já enfrentaram. A Xerox esteve às portas da falência, foi aconselhada a recorrer à proteção dos tribunais contra as reivindicações dos credores e quase o fez, não fosse a ferrenha oposição de Mulcahy.
A executiva já demonstrou que, apesar de seus receios, é capaz de apresentar resultados rapidamente. Sob sua liderança, a Xerox, que em 2000 teve um prejuízo de 273 milhões de dólares, lucrou 91 milhões em 2003. No ano passado, os lucros da empresa foram de 859 milhões sobre um total de vendas de 15,7 bilhões. Ao mesmo tempo, o preço das ações subiu, proporcionando retornos de 75% no decorrer dos últimos cinco anos em comparação com perdas de 6% pelo Índice Dow Jones do Mercado de Ações.
Mesmo assim, Mulcahy deixou claro que ela e outros executivos no comando de empresas de capital aberto gostariam que Wall Street lhes desse uma trégua, e parasse de fazer pressão sobre os resultados do próximo trimestre. “Converso com muitos *CEOs e, discretamente, todos concordamos que o curto prazo não nos interessa, e o que nos preocupa de fato é o longo prazo, mas a pressão é enorme”, disse. “Espero que a próxima geração de líderes possa reformular o modo como interagimos com a comunidade financeira.”
Mulcahy, apontada pela Fortune deste mês como a segunda mulher mais poderosa do mundo dos negócios, praticamente não teve chance de refletir sobre a impaciência de Wall Street. Quando se tornou CEO da Xerox, em 2000, sua empresa parecia ter os dias contados, e tudo indicava que ela não sobreviveria para ver qualquer tipo de lucro novamente, trimestral ou anual.
Quando a situação chegou ao fundo do poço, as reservas em espécie da Xerox haviam caído para cerca de 100 milhões de dólares