Consumo contemporâneo de drogas sob a perspectiva da Saúde Coletiva
Historicamente a Saúde Pública tem focado suas políticas e ações no aplacamento dos sintomas das doenças. No caso das drogas, a atenção é dirigida às alterações de comportamento e problemas mentais causados pela dependência química, ficando a cargo dos campos da psiquiatria e da psicologia acompanhar os indivíduos problemáticos em seus tratamentos.
Nesta perspectiva, o objeto se circunscreve ao usuário, sendo que o contexto instaurador do consumo é tido apenas como um dos múltiplos fatores que levam ao adoecimento do sujeito.
A Saúde Coletiva, por outro lado, compreende que o processo saúde-doença tem como determinante o social, isto é, as formas de viver e trabalhar das pessoas nas diferentes classes sociais determinam os potenciais de desgaste e fortalecimento de uma dada população.
Considerando o modo de produção capitalista em que estamos inseridos, a droga se apresenta como uma mercadoria com dinâmicas de produção, distribuição e consumo impostas pelo capital, sendo o usuário qualificado como consumidor. A mercadoria droga exerce função de aliviar as angústias produzidas pelos problemas advindos do capitalismo (flexibilização do trabalho e valores contemporâneos, por exemplo), e de inserir os desfavorecidos economicamente no mercado de trabalho – o tráfico de drogas. Nessa lógica, o homem se transforma em instrumento de ampliação do benefício e da acumulação do capital, em prol da reprodução do sistema econômico global, situação mais fortemente marcada com o advento do neoliberalismo, principalmente após a década de 70. Assim, a desigualdade social passa a ser fundamental para manter a livre