Construção
Considerando que a canção de Chico Buarque foi escrita em meio a uma conjuntura de ditadura militar e censurada pelo regime, por justamente fazer uma crítica a essa organização de poder repreensivo e exclusivo, a canção parece ser contemporânea e evidencia as principais discussões do campo das relações sociais. Dentre tantas interpretações, a música narra o processo de alienação, descrita pelo marxismo, cada parte da música tem significados bem distintos e a evolução se dá no sentido em que o homem deixa os sentimentos e a relação de afeto com seus pares, se torna profundamente individualista e escravo do sistema capitalista e, por fim, parte da engrenagem do sistema: a coisificação do homem. As categorias da concepção marxistas são observadas em toda a canção. As frases “Ergueu no patamar quatro paredes sólidas” e “Tijolo com tijolo num desenho magico” por exemplo remete a questão da diferença entre o trabalho do homem e dos animais no processo de produção, pois evidencia a inteligência do homem para projetar tal trabalho. A questão da liberdade pode ser analisada na frase “Sentou pra descaçar como se fosse sábado” já que para Marx, a liberdade humana esta ligado aos bens de produção que criam seus próprios meios para referir-se a liberdade, de acordo com os próprios interesses. No trecho que o autor começa a fazer uma inversão de alguns valores com as frases: “Subiu a construção como se fosse sólido”, “Ergueu no patamar quatro paredes mágicas” e “Tijolo com tijolo num desenho lógico” já fica claro o processo de alienação pelo qual o operario passa. A coisificação do homem nesse processo tambem é batante indicado, um exemplo é “e se acabou no chão feito um pacote timido” transformando o homem em objeto. Quando as relações não se dão mais entre as pessoas e sim entre as coisas e o homem passa a ser objeto, os indivíduos não se