Construindo pontes entre olhares
Luciana Pessanha Fagundes*
Resumo: A presente comunicação tem como objetivo discutir a problemática da memória coletiva compreendida na chave dos "usos políticos do passado", em momentos singulares como comemorações e rituais. Analisar tal dinâmica memorial, implica perceber como determinando passado é utilizado nessas ocasiões, ou seja, que seleção será feita sobre ele ao ser relembrado e comemorado, sendo esta apenas uma dentre uma série de questões que podemos dirigir à problemática apresentada, cuja formulação não é de forma alguma inocente, mas, tem como base os debates entre história e memória, entre memória individual e coletiva, entre os usos do passado e suas várias apropriações. Neste sentido, retomar tais debates auxilia na compreensão dos olhares dirigidos ao passado em determinando presente histórico. Por fim, nosso intuito é justamente debater como a heterogeneidade dos tempos históricos, bem como, os ritmos e polifonias características de um passado em questão, constituem referenciais imprescindíveis para se estudar os "usos políticos do passado", possibilitando a percepção e análise do caráter inventivo que cada grupo ou sociedade lhes fornece em um dado presente. Palavras - chave: Memória coletiva – História - usos do passado
Este artigo tem como objetivo discutir conceitos e algumas questões polêmicas que perpassam nosso objeto de estudo, que concerne os momentos e eventos nos quais a República brasileira teve que dialogar com o passado monárquico, especialmente aqueles que têm como questão a memória do Segundo Reinado e de seu imperador: D. Pedro II. A ausência de representantes da república brasileira nos funerais de D.Pedro II marca um momento singular de posicionamento frente a um passado então considerado “ameaçador”. E não seria o único. Nossa trajetória se inicia no final século XIX, mais especificamente, nas suas três últimas décadas, procurando compreender as