consequencia da delinquencia juvenil
Na lousa de uma sala de aula do Presídio Central de Porto Alegre, estava escrita, com as letras ensaiadas de um interno que se alfabetizava, a seguinte frase: “Solidão é estar no meio de uma multidão de pessoas e sentir a falta de uma só”. A solidão sentida pelo detentor que reproduziu essa frase pode corresponder às simples saudades de alguém da família, da mulher ou da própria mãe. Mas, além disso, pode estar vinculada a uma solidão primária, fundamental, que corresponde à privação emocional de que fala Winnicott. Trata-se de uma privação, de um “déficit”, de um comprometimento nas relações primárias, fundamentais, estruturantes e edificantes da criança com as figuras parentais ou, mais especificamente, com a mãe. Essa “solidão primária” vai deixar suas marcas, suas feridas psíquicas. Da gravidade dessas feridas irá depender a capacidade do indivíduo de solucionar os momentos futuros de solidão ao longo de sua vida, já que todos nós sofremos parcelas da solidão primária, na medida em que não pudemos viver nossa relação emocional com as figuras parentais, sobretudo com a mãe, em toda sua intensidade, autenticidade e continuidade. Os termos intensidade, autenticidade e continuidade remetem-nos aos tipos de privação emocional identificados por Ainsworth (apud Bowlby, 1995). São eles: privação emocional por relações insuficientes, por relações distorcidas e por relações descontínuas.
• Privação emocional por relações insuficientes: quando a mãe, ainda que com esforço e boa vontade, não dá ou não consegue dar, no tempo e intensidade necessários, a presença, a atenção e o carinho de que a criança necessita. Sem falarmos de mães realmente mais preocupadas consigo mesmas do que com a criança, poderíamos citar
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Alvino Augusto de S. o exemplo daquela que, ao chegar do trabalho ao final do dia em casa, com o cansaço ou aborrecimentos de seu serviço, não consegue dar ao filho a atenção que esse dela espera e