Configurações de Capital
Elaine Rossetti Behring
Professora da Faculdade de Serviço Social ‐ UERJ/CNPq
As novas configurações do Estado e da Sociedade Civil no contexto da crise do capital 1
Introdução Pretendemos trazer, nas páginas que seguem, alguns subsídios para uma reflexão acerca dos impactos da crise do capital, já caracterizada em muitos de seus aspectos estruturais nos textos anteriores, sobre o papel do Estado e as relações entre este e a sociedade civil. A ofensiva burguesa dos anos 80 e 90 do século XX até os dias de hoje, tendo em vista a recuperação e manutenção das taxas de lucro, se deu em três direções centrais, com inúmeros desdobramentos: a reestruturação produtiva e a recomposição da superpopulação relativa ou exército industrial de reserva como sua condição sine qua non, com mudanças nas condições gerais da luta de classes; a mundialização do capital, que implica alterações das estratégias empresariais de busca de superlucros e na financeirização do capital; e na contra‐reforma neoliberal, que atingiu os Estados nacionais, tencionados pela dinâmica internacional e pela crise do pacto social dos anos de crescimento, estes últimos marcados pela extensão dos direitos e políticas sociais e pelo compromisso com o “pleno emprego” fordista‐keynesiano. No Brasil, estes processos ganham configurações particulares, considerando que não tivemos situação de pleno emprego: tivemos aqui a crise do Estado desenvolvimentista, que ampliou o mercado interno de trabalho e de consumo, sem nunca chegar à sombra do pleno emprego, do pacto social‐democrata e do