concrreta
Murilo Mendes (1901 – 1975) é conhecido como o grande expoente do surrealismo na poesia brasileira e um dos principais nomes da poesia lírica do século passado. Sua obra, vasta e complexa, percorreu diversos caminhos e técnicas, sem alinhar-se propriamente a nenhuma corrente específica1. Passou por diversas fases, aproximando-se inclusive do poema-piada. Em mais de cinquenta anos de produção poética, marcada por uma profunda preocupação com as possibilidades do gênero e sua liberdade, viveu um largo período no exterior, ensinando literatura brasileira e divulgando a cultura nacional. Um fato bastante marcante de sua biografia e que marcou profundamente a sua obra foi a conversão ao Catolicismo, a partir do qual planeja restaurar a poesia em cristo. Poeta preocupado com a poesia e suas possibilidades formais, destaca-se a capacidade de criar imagens e combinações insólitas e exacerbar largamente os recursos imagéticos, sobretudo em sua fase mais marcadamente surrealista. Nas palavras de Alfredo Bosi2,
Murilo é poeta da aderência ao ser, poeta cósmico e social que aceita a fruição dos valores primordiais. Tendo mantido firme a sua ânsia libertária, ânsia que partilhou com o Modernismo anterior a 30, jamais cai em formas antiquadas de apologética. Místico, ele perfura a crosta das instituições e dos costumes culturais para morder o cerne da linguagem religiosa, que é sempre ligação do homem com a totalidade.
João Cabral de Melo Neto3, seu contemporâneo, cita a plasticidade e a novidade da imagem na poesia de Murilo Mendes, que pelo uso de uma linguagem coloquial e simples buscou em sua poesia obter o inesperado e o elevado pela forma e resultado de suas metáforas. Nota-se em sua produção, especialmente a partir de Sonetos brancos, de 1948, uma vocação para o real e o suprarreal, levando a sua poesia a se avizinhar da paisagem e dos objetos em busca de formas e dimensões concretas4.
Entre seus livros