Conciência negra
Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. No etnocentrismo se misturam a) elementos intelectuais e racionais e b) elementos emocionais e afetivos. Estes dois planos do espírito humano (sentimento e pensamento) vão compondo um fenômeno não apenas fortemente presente na história das sociedades, como também facilmente encontrável no nosso dia-a-dia. O estudo do etnocentrismo, na antropologia, pode ser expresso como a procura de sabermos os mecanismos, as formas, os caminhos e razões, pelos quais existem tantas e tão profundas distorções nas emoções, pensamentos, imagens que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós. Este problema não é exclusivo de uma determinada época nem de uma única sociedade. Talvez o etnocentrismo seja, dentre os fatos humanos, um daqueles de mais unanimidade. Um bom exemplo que ilustra a questão do etnocentrismo é a experiência de um choque cultural. De um lado, conhecemos um grupo do “eu”, o “nosso” grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente, nos deparamos com um “outro”, o grupo do “diferente” que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas, a tal ponto que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro” também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe como nós. Este choque gerador do etnocentrismo nasce, talvez, na constatação das diferenças. É uma espécie de mal-entendido sociológico. A diferença é