Concepcoes De Deficiencia Intelectual
POLISSÊMICO
Erenice Natalia S. de Carvalho
A realização de um trabalho de qualidade voltado para a educação requer a consideração de elementos teóricos e práticos imbricados no conceito de
deficiência,
bem como
a compreensão
de
aspectos
essenciais que levam a pessoa a ser culturalmente caracterizada como deficiente. Esse é o objetivo do presente texto, que focaliza a variedade de concepções teóricas que caracterizam historicamente os conceitos de deficiência intelectual e múltipla, orientando formas de tratamento e intervenção, alimentando convicções e valores culturais e influenciando modos de convivência social.
1. Deficiência: sua contextualização na relação eu-outro
A deficiência é um fenômeno que reflete a articulação entre as condições individuais de uma pessoa e as expectativas da sociedade em relação ao desenvolvimento, à aprendizagem, à capacidade e ao comportamento social de seus membros. Por essa razão, há vertentes teóricas que admitem o conceito de deficiência como socialmente construído na
cultura,
associado-se
às
noções
de
limitação
e
incapacidade. A referência que estabelece essa dualidade é prerrogativa do grupo social hegemônico que, ao definir a norma, estabelece os limites que separam o normal do deficiente.
A pessoa categorizada como deficiente, a exemplo de outros grupos sociais
historicamente
estigmatizados,
está
sujeita
à
marginalização provocando, muitas vezes, sentimentos diversos que vão do compromisso à compaixão e do medo à rejeição.
O conceito de diferença tem sido utilizado em substituição ao de deficiência, pela suposição de que apresenta uma carga semântica socialmente menos estigmatizada. No entanto, seu uso tem a mesma repercussão no status dos grupos em desvantagem social, de modo que, enquanto diferente, a pessoa não pode ser compreendida pelo mesmo padrão aplicado aos demais.
Em decorrência da posição que ocupam os grupos e pessoas que
se