Conceito
Médica psiquiatra; Mestre em Psiquiatria pelo Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria e Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
RESUMO
Considerando o crescente interesse científico no fenômeno burnout, apresentamos uma amostra da diversidade teórica que forma o campo de pesquisa neste tema a partir de algumas questões atuais de discussão sobre o seu conceito. Discutimos aparentes limitações da abordagem empírica à compreensão da natureza conceitual do burnout, apontando uma possível contribuição da clínica (dentro do campo da Psiquiatria) a este debate.
Introdução
O termo burnout significa "queima" ou "combustão total". Faz parte do vocabulário coloquial em países de língua inglesa e costuma ser empregado para denotar um estado de esgotamento completo da energia individual associado a uma intensa frustração com o trabalho.
Este fenômeno passou a ser objeto de estudo científico na década de 1970 com a primeira descrição clínica feita por Freudenberger . Desde então, vem despertando o interesse dos pesquisadores, especialmente no campo da Saúde Ocupacional. Isto pode ser verificado pelo volume crescente de publicações sobre o tema. Em 2009, foram indexados, na base ISI Web of Science, 208 artigos (em inglês) contendo burnout no título.
O conhecimento derivado da pesquisa empírica a respeito do burnout pode ser resumido como se segue.
Em geral, ele é definido como uma reação negativa ao estresse crônico. Manifesta-se basicamente por sintomas de fadiga persistente, falta de energia, adoção de condutas de distanciamento afetivo, insensibilidade, indiferença ou irritabilidade relacionadas ao trabalho de uma forma ampla, além de sentimentos de ineficiência e baixa realização pessoal. Trata-se de uma condição crônica, determinada principalmente por fatores da organização do trabalho, tais como sobrecarga, falta