Comunicação
A Palas Athena acaba de lançar o livro Diálogo – Comunicação e redes de convivência, do físico e pensador norte-americano David Bohm (19171992). Para ele, diálogo significa bem mais do que o simples pingue-pongue de opiniões, argumentos e pontos de vista que habitualmente ocorrem entre dois ou mais interlocutores. Na entrevista que segue, a profa. Lia
Diskin comenta este importante lançamento e ressalta sua indiscutível atualidade. Como você definiria o diálogo na acepção de David Bohm?
Lia Diskin: Como fonte permanente de aprendizagem. Na concepção de
David Bohm, o que se busca através do diálogo não é convencer, persuadir, nem seduzir alguém. Utilizar argumentos para ostentar erudição, recorrer a figuras de linguagem para derrubar convicções do interlocutor, ou criar malabarismos racionais para fazer prevalecer uma opinião estão longe da proposta do autor.
Quando nos convida a estabelecer uma relação dialógica, Bohm deixa desde o início clara a necessidade de suspendermos provisoriamente nossos pressupostos. Isso requer um esforço, uma disciplina interna por parte de todos os envolvidos, para criar uma atmosfera de legitimidade coletiva onde aprender, apreciar a compartilhar pareceres é o único propósito vinculador.
Essa atmosfera propícia faz emergir idéias originais que se fecundam livremente, enriquecendo os participantes do diálogo com novos repertórios e horizontes, cuja autoria não é de ninguém em especial, mas da dinâmica facilitadora que acolhe as contribuições do grupo.
Que diferenças há entre a concepção de Bohn e a idéia habitual que se tem de diálogo?
Lia Diskin: Talvez as mesmas que possa haver entre uma dança espontânea e uma sessão de esgrima. Via de regra, confundimos diálogo com discussão, debate ou então com negociação. Todos eles são
I Ciclo Multiplicadores de Cultura de Paz nas Políticas Públicas ConPAZ conpaz@uol.com.br 1
modalidades da comunicação, mas