Comunicação oral e escrita
Mas, afinal, o que é língua padrão?
A língua é um imenso conjunto de variedades, apresentando diferenças sintáticas (ordem das palavras na frase e diferenças na concordância), diferenças na forma das palavras (vamos X vamo), diferenças de vocabulário (guri X menino) e diferenças na pronúncia (falar paulista, carioca e sulista). A região do falante, seu nível social, sua escolaridade e sua relação com a leitura/escrita, além da situação da fala, são fatores que determinam as variedades. Do ponto de vista da ciência linguística, não há como dizer que uma forma linguística é melhor que outra, a não ser que se adote o preconceito ou o gosto pessoal como critério. Entretanto, é fato que há uma diferenciação valorativa, que nasce do significado social que certas formas linguísticas adquirem nas sociedades. Mesmo que nunca tenhamos pensado objetivamente a respeito, nós sabemos (ou procuramos saber) o que é e o que não é permitido... Nós costumamos “medir nossas palavras”, entre outras razões, porque nosso ouvinte vai julgar não somente o que se diz, mas também quem diz. E a linguagem é altamente reveladora: ela não transmite só informações neutras; revela também nossa classe social, a região de onde viemos, o nosso ponto de vista, nossa escolaridade, a nossa intenção... Nesse sentido, a linguagem também é um índice de poder. Assim, na rede das linguagens de uma dada sociedade, a língua padrão ocupa um espaço privilegiado: ela é o conjunto de formas consideradas como o modo correto, socialmente aceitável de falar ou escrever. Naturalmente que este padrão não é uniforme e não se estabeleceu por acaso; em todas as sociedades modernas ele é o fruto de um processo histórico seletivo, sempre ligado aos grupos sociais hegemônicos. Em outras palavras, a língua padrão, na sua origem, é a língua do poder político, econômico e social. Tradicionalmente, a referência para a norma padrão era a dos bons escritores do passado – o texto