Complicações tardias da leptospirose
Em cerca de 15% dos pacientes que tem leptospirose, ocorre uma evolução para manifestações clínicas graves, entre as mais importantes estão o comprometimento pulmonar e do sistema nervoso. A manifestação mais comum da leptospirose é a síndrome de Weil, caracterizada por icterícia, insuficiência renal e hemorragias. Essas manifestações podem se apresentar concomitantemente ou isoladamente na fase tardia da doença. A síndrome de hemorragia pulmonar é caracterizada por lesão pulmonar aguda e sangramento pulmonar e vem sendo cada vez mais reconhecida no Brasil como uma manifestação distinta e importante da leptospirose na fase tardia. A taxa de letalidade geral para os casos de leptospirose notificados no Brasil é de 10%, já a letalidade para os pacientes que desenvolvem hemorragia pulmonar é maior que 50%. Manifestações graves da leptospirose, como a hemorragia pulmonar e insuficiência renal, podem ocorrer em pacientes anictéricos. Portanto não se basear unicamente na presença de icterícia para identificar pacientes com leptospirose. O comprometimento pulmonar da leptospirose se expressa com tosse seca, dor torácica e cianose.
Além disso, a leptospirose pode causar uma síndrome da angústia respiratória aguda na ausência de sangramento pulmonar. A leptospirose pode causar outros tipos de diátese hemorrágica, frequentemente em associação com trombocitopenia. Além de sangramento nos pulmões, os fenômenos hemorrágicos podem ocorrer na pele, nas conjuntivas e em outras mucosas ou órgãos internos, inclusive no sistema nervoso central.
A insuficiência renal aguda é uma importante complicação da fase tardia da leptospirose e ocorre em 16 a 40% dos pacientes. A leptospirose causa uma forma peculiar de insuficiência renal aguda, caracterizada geralmente por ser não oligúrica e hipocalêmica, devido à inibição de reabsorção de sódio nos túbulos renais proximais, aumento no aporte distal de sódio e consequente perda de potássio. Durante esse estágio