Como a modernização e a tecnologia influenciam nas relações humanas
Como a modernização e a tecnologia influenciam nas relações humanas
Por Shani Falchetti e Raphael Henrique Castanho Di Lascio
Há pouco mais de cem anos o Brasil era um país predominantemente agrário. Ainda que as cidades existissem e que algumas fábricas pudessem ser encontradas em certas regiões do país, a paisagem rural foi largamente preponderante até 1870 pelo menos. A riqueza brasileira provinha até então, principalmente da agricultura e da exportação de produtos agrícolas. Senhores de terra e escravos constituíam as camadas sociais mais importantes, embora um contingente de população livre se tornasse gradativamente expressiva a partir de 1850, quando o sistema de produção brasileiro, herdado do período colonial, entrou em colapso com a extinção do tráfico negreiro, entre outros fatores (DECCA, 1991).
Ao longo do século XIX o mundo rural prevaleceu sobre o mundo urbano no Brasil, ainda que, na Europa, a produção industrial e a vida urbana já fossem realidades significativas desde os fins do século XVIII. A chamada Revolução Industrial havia alterado os rumos do desenvolvimento sócio-econômico europeu: a fábrica mecanizada modificara e remodelara não só as formas de produção e de trabalho, mas a própria organização social. Iniciado na Inglaterra, o processo de mecanização da produção se estendeu pela Europa, tornando-se a fábrica centro decisivo para a economia e para o poder e a dominação da burguesia. A fábrica generalizou-se enquanto sistema de produção, aparecendo, com sua implantação, novas formas de pensar (DECCA, 1991 p. 03).
Nas décadas finais do século XIX no Brasil, transformações econômicas e sociais propiciaram as condições necessárias para a industrialização (processo social em que a fábrica ocupa o lugar central) e para um desenvolvimento urbano acelerado. Pequenos núcleos urbanos e cidades se expandiram, enquanto novos centros urbanos se formaram; as chaminés de fábricas e conjuntos industriais os povoaram,