como fazer
1- OS MOVIMENTOS SOCIAIS E O PODER ESTATAL
A maioria dos movimentos sociais não busca o poder estatal, mas a autonomia, inclusive frente ao próprio Estado. Para muitos observadores e participantes, esta afirmação é uma obviedade, já que não buscar o poder — e muito menos exercê-lo — é o sine qua non de um movimento social, pois o poder estatal negaria a própria essência e os propósitos da maioria dos movimentos sociais. Esta incompatibilidade entre movimento social e poder estatal talvez se apresente de maneira mais intuitivamente óbvia no movimento de mulheres. Por outro lado, para participantes e observadores dos movimentos sociais, não é nada satisfatório defini-los ou descrevê-los em termos do que não são. Os mais numerosos entre os movimentos sociais, aqueles baseados na comunidade, que individualmente são de pequena escala, obviamente não podem buscar o poder estatal. Além disso, assim como os movimentos de mulheres, só a noção do poder estatal, ou mesmo do poder político de partido, negaria em grande medida sua essência e objetivos de base. Estes movimentos comunitários mobilizam e organizam seus membros na busca de fins materiais e não-materiais que consideram que lhes foram negados injustamente pelo Estado e suas instituições, incluindo os partidos políticos. Entre os fins e métodos não-materiais de muitos movimentos comunitários locais está o desenvolvimento de uma democracia mais participativa e de base e de uma autodeterminação de baixo para cima. Estes percebem que eles lhes são negados pelo Estado e seu sistema político. Estes movimentos comunitários buscam, portanto, conseguir uma maior autodeterminação para si mesma dentro do Estado, ou evitar totalmente o Estado. Estes tipos de movimentos comunitários se multiplicaram recentemente por todo o Sul e pelo Ocidente, e talvez menos no Leste. No Sul, por necessidade, os movimentos comunitários ocupam-se mais