Como fazer uma resenha
um guia rápido para escritores de primeira viagem
Gisele de Carvalho
A crítica recensória, por sua função de recomendação, não pode eximir-se, senão em casos de excepcional vilania, de pronunciar um juízo sobre aquilo que o texto diz Umberto Eco
O que é uma resenha? E uma resenha acadêmica? Se você tiver de escrever uma resenha, o que deve constar do texto? Este pequeno artigo pretende responder a estas e algumas outras acerca de resenhas, a partir de um estudo publicado em forma de tese de doutorado sobre o assunto. Mas não se assuste: o que você vai encontrar a seguir tem muito pouco do gênero tese, pois meu objetivo aqui é escrever para quem não tem intimidade com resenhas, mas precisa produzir uma.
A epígrafe escolhida para este artigo aponta para a nomeação e para a função do gênero do discurso que pretendo focalizar. Vamos começar pelos seus nomes de batismo: resenha, recensão, resenha crítica, crítica recensória. Ao buscar a etimologia das palavras isoladamente, tem-se para a primeira ‘descrição ou relato minucioso’. Já a segunda está atrelada à noção de ‘apreciação, julgamento’. Estas duas idéias se combinam nos últimos termos para marcar a natureza de um gênero do discurso que descreve e avalia um produto artístico, seja ele literário, teatral, cinematográfico, musical, televisivo ou das artes plásticas.
A palavra resenha perdeu seu significado meramente descritivo e é usada, hoje em dia, como sinônimo dos outros termos. No entanto, fora as pessoas que circulam nos meios onde o gênero é usado, muitas o desconhecem ou então o reconhecem pela designação de crítica, como são popularmente chamados os textos que circulam nos cadernos culturais de revistas e jornais.
Agora, às resenhas acadêmicas. Resenhas de livros cumprem pelo menos três papéis na academia. Podem ser lidas como o conjunto das reações à publicação de um livro,