Comentários sobre “O rei da vela” e “A moratória”
O final do século XVIII foi um período de forte busca de uma identidade artística nacional, de autonomia para o teatro brasileiro. Realidade esta que se opunha às tendências e influências europeias daquele momento. A presença estrangeira na produção teatral brasileira era majoritária. Assim, o pontapé inicial do movimento de nacionalização dos palcos acabou sendo custoso.
Sujeitos às preferências do mercado, uma vez que a demanda cultural não despertava grande interesse da parte do governo, para conquistarem alguma popularidade entre o público, muitos artistas brasileiros tiveram que abrir mão da literalidade de suas peças e utilizar de alguns recursos mais apelativos nas obras, como a musicalidade e humor - elementos que estavam em alta nos palcos franceses da época.
Enquanto isso, na Europa, a movimentação artística que acontecia era ainda maior. Começavam a emergir de maneira mais expressiva as produções teatrais de cunho naturalista. Zola foi um dos que ousaram escrever na contramão dos preceitos e gostos do entretenimento voltado para burguesia.
A novidade proposta consistia na denúncia, na evidência das injustiças oriundas das diferenças de classe. A contemporaneidade e a questão social passavam a fazer presença na arte. A princípio, as mudanças chegaram a parecer estranhas e incomuns, para público e crítica - algo de se esperar , diante de tamanha metamorfose do pensamento artístico.
Enquanto o cenário da dramaturgia europeia se encontrava em tamanha transição, no Brasil, praticamente não se sentiu a influência do Naturalismo. Ainda estávamos sob forte influência das propostas comerciais que pediam as características do entretenimento europeu popularizado.
Apenas no começo no final do século XIX que a produção teatral passou a acompanhar as tendências naturalistas. E foi nesta época em que foram produzidas A moratória (1955) de Jorge Andrade e O rei da