Colonização, evangelização e resistência indígena na América Espanhola: um breve balanço historiográfico Ana Carolina Lima Almeida e Clinio de Oliveira Amaral*

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Colonização, evangelização e resistência indígena na América
Espanhola: um breve balanço historiográfico
Ana Carolina Lima Almeida e Clinio de Oliveira Amaral*

Tradicionalmente, a colonização da América foi vista como um processo de desestruturação dos referenciais do mundo ibérico, que acompanhou a destruição da cultura indígena local. Essa foi a forma com que Las Casas narrou a conquista.
No entanto, Janice Theodoro1 nega essa tese. Para a autora, a colonização da
América foi uma obra barroca porque, por meio do barroco, foi estabelecida uma
“desordem” capaz de promover uma ambivalência de significados que podem ser interpretados de diferentes formas, segundo a tradição cultural que o observa.
Após a conquista, a sociedade colonial, devido ao seu caráter heterogêneo, produziu condições para que os sobreviventes do conflito, indígenas e europeus, fossem capazes

de

uma

reconciliação

através da

instrumentalização

de

representações, as quais, puderam transformar o conflito em convivência pacífica.
No caso dos índios, cuja cultura era marcada pela multiplicidade, sustenta-se que encontraram no barroco uma forma de expressão.
Ao defender sua ideia de que a colonização foi fundamentada no barroco,
Theodoro nega a tese da miscigenação, ou seja, de que teria ocorrido uma mistura.
O ponto fraco dessa argumentação, para a autora, está no fato de que pressupõe coincidências cognitivas que teriam possibilitado a justaposição cultural. Contudo, não existem coincidências cognitivas entre a cultura indígena e a espanhola.
A autora também rechaça a hipótese de que, no processo de encontro cultural, o traço indígena teria sido destruído. Para que ocorresse tal processo, seria preciso que se estabelecesse o traço cultural indígena, mas como fazê-lo se a cultura indígena, ao contrário da europeia, não tinha uma unidade?
A resposta a isso também pode ser encontrada no barroco americano, que possibilita uma problematização acerca do

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