Coiso Maias
Os Maias eram uma antiga família da Beira, que acabou por ficar reduzida ao avô, Afonso da Maia, e ao neto, Carlos Eduardo.
No outono de 1875, Carlos da Maia e o avô, Afonso da Maia, vieram instalar-se na sua casa de Lisboa, conhecida pelo nome de “ Ramalhete “.
A casa do Ramalhete estava abandonada, desde que a família se tinha retirado para a quinta de santa Olávia, nas margens do Douro. O procurador da família enumerou a Afonso da Maia os inconvenientes da decisão de se dar habitabilidade ao Ramalhete, pois a casa precisava de muitas obras, tinha apenas um quintal no lugar de um jardim e, além disso, havia uma lenda segundo a qual eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete (indício de fatalidade). No entanto, Afonso da Maia manteve-se firme na sua decisão.
Carlos, que era um rapaz de gosto e de luxo, entregou a reconstrução do Ramalhete a um arquitecto e decorador inglês e da casa antiga só restou a sua fachada, por imposição de Afonso.
Terminada a reconstrução, a casa manteve-se fechada, enquanto Carlos fez uma longa viagem pela Europa, após ter terminado o curso de medicina em Coimbra, e foi na véspera da chegada do neto que Afonso se veio também instalar no Ramalhete, deixando a casa da quinta de santa Olávia. Carlos alimentava projetos de exercer a sua carreira e o avô queria estar perto dele.
Afonso gostava do Ramalhete e do próprio bairro onde a casa se situava, embora lhe desagradasse o facto de os prédios construídos em redor terem ocultado quase completamente a paisagem que se vislumbrava do terraço, tendo-lhe restado apenas uma “ pequena tela marinha “ com o rio e os seus barcos entre dois prédios de cinco andares.
O terraço comunicava com o escritório de Afonso, onde Carlos tinha preparado especialmente um recanto ao avô, ao lado do fogão.
De santa Olávia, Afonso mantinha a saudade das suas ricas águas, que o tinham mantido robusto até à velhice.
Carlos via o avô como um Afonso de Albuquerque, “