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ABDOME AGUDO
HEMORRÁGICO
CLÍNICA
Edivaldo M. Utiyama
Dario Birolini
INTRODUÇÃO
A hemorragia intra-abdominal espontânea é rara. De acordo com alguns autores, estaria presente em 2% dos pacientes adultos que procuram o departamento de emergência com dor abdominal. Apesar de incomum, entretanto, pode ser fatal. Há relatos que assinalam taxas de mortalidade de 40% nos pacientes não-operados e de 100% nos operados sem identificação do foco hemorrágico. O conhecimento prévio dos fatores de risco e das possíveis etiologias, somado a um elevado grau de suspeita clínica, facilita a assistência médico-hospitalar desses pacientes e melhora seu prognóstico. As causas da hemorragia intra-abdominal são numerosas e incluem doenças as mais variadas, como o traumatismo abdominal, a ruptura de aneurisma da aorta ou de alguma artéria visceral, as neoplasias malignas de vísceras sólidas, os processos inflamatórios erosivos (pancreatite e pseudocisto, por exemplo) e, nas mulheres, além dessas mencionadas, as afecções ginecológicas e obstétricas.
Ao rever a literatura médica pertinente, observamos que raramente há referência ao assunto sob a denominação de “abdome agudo hemorrágico”.
Freqüentemente, as hemorragias intra-abdominais
são relatadas em artigos referentes a doenças específicas, como, por exemplo, ao aneurisma roto da aorta abdominal ou à prenhez ectópica rota.
Há várias publicações abordando o tema com a denominação de hemorragia intra-abdominal ou hemoperitônio espontâneo, excluindo, dessa forma, o sangramento intra-abdominal decorrente de traumatismos abdominais. Apoplexia abdominal também é uma denominação usada para descrever essa condição. Apoplexia é uma palavra de origem grega e refere-se à paralisia que ocorre após a ruptura ou a obstrução de um vaso no cérebro. A natureza espontânea e catastrófica dessa doença induziu alguns autores a aplicar o termo na hemorragia intra-abdominal espontânea, em analogia à apoplexia cerebral. Barber, em 1909,
descreveu