Classificação genológica de "Frei Luís de Sousa"

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A pergunta que se põe debruça-se sobre a classificação genológica da peça de Garrett: quanto ao género literário, o “Frei Luís de Sousa” é um drama romântico ou a renovação da tra­gédia antiga? A resposta é adiantada pelo próprio dramaturgo: drama de natureza trágica. Por um lado, “Frei Luís de Sousa” não respeita to­dos os princípios poético-re­tóricos da tragédia clássica (divisão em 5 atos), sem deixar de ser uma "verdadeira tragé­dia". Embora optando por um assunto português e relativamente moderno, a fábula é determinada por leis superiores (religião e mo­ral social) e personagens de perfil trágico. O leitor é ainda confrontado com a relativa observação da lei das três unida­des (ação, espaço e tempo). Por último, mencione-se o facto de o coro da tragédia clássica ser desempe­nhado por Telmo Pais e por Frei Jorge. A não observância formal da rígida lei das três unidades da tragédia antiga, parece amplamente compensada pelo admirável aproveitamento garrettiano de três procedimentos técnico-compositivos:
a) O desenvolvimento da estrutura interna: 1) inicia-se nas primeiras cenas do Ato I, com a exposição do conflito; 2) prolonga-se até ao final do II Ato, com o adensamento e clímax dramáticos; 3) já no III Ato, com a morte simbólica (profissão religiosa) e a morte física de Maria, configura-se o desenlace trágico;
b) A concentração dramática: 1) da ação que, da exposição inicial do conflito, caminha implacavel­mente para o acumulamento trágico e anagnórises gradual, até ao desenlace final; 2) do tempo que se vai fechando gradual­mente, até ao dia fatal de 4 de Agosto de 1599, 21 anos depois da batalha de Alcácer Quibir; 3) e do espaço, que se vai afunilando lentamente até à austeridade do palácio de D. João de Portugal e do retrato, e, depois, da capela onde decorre a celebração religiosa final na sóbria igreja de S. Domingos.
c) O estilo e a arte do diálogo: a tragicidade do drama garrettiano é inquestionavelmente devedora de um estilo que prima

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