Classes de aceleração
NUTTI, J. Z. e REALI, A. M. M. R. Professores, especialistas e alunos diante do fracasso escolar: um estudo no cenário das “Classes de Aceleração”. In: MARTINS, J. P.; CASTELLANO, E. G. (Orgs.) Educação para a cidadania. São Carlos: EDUFScar: Rima, 2003
PROFESSORES, ESPECIALISTAS E ALUNOS DIANTE DO FRACASSO ESCOLAR: UM ESTUDO NO CENÁRIO DAS “CLASSES DE ACELERAÇÃO”
Juliana Zantut Nutti[1]
Aline Maria de Medeiros Rodrigues Reali[2]
Professora, lembra quando eu ficava ali no cantinho, no começo do ano, e eu não queria sentar junto com ninguém e na hora em que todo mundo mexia a boca, eu também mexia? Eu morria de vergonha porque eu não sabia ler e eu não aceitava isso. Se não fosse a senhora insistir tanto... Agora eu sinto o maior orgulho de mim mesmo, porque agora, sim, eu sou gente. Agora eu sou gente... (Depoimento de um aluno de Classe de Aceleração à sua professora).
O objetivo deste capítulo é relatar e discutir alguns dos achados da pesquisa realizada por uma das autoras como uma das exigências para a obtenção do título de Doutora em Educação[3], intitulada “Professores e Especialistas diante do Fracasso Escolar: um estudo no cenário das Classes de Aceleração” (NUTTI, 2001), de modo a contribuir para a discussão sobre os efeitos das políticas ou projetos educacionais que visam a superação do fracasso escolar, persistente problema socioeducacional que tem impedido que uma grande parcela da população se aproprie de conhecimentos essenciais para o pleno exercício da cidadania.
Breve panorama do fracasso escolar Primeiramente, faz-se necessário situar o leitor acerca do que se entende atualmente como fracasso escolar, mediante a apresentação de um breve panorama sobre as definições e teorias explicativas que vêm sendo atribuídas a esse fenômeno, o qual desafia o sistema educacional e a sociedade brasileira há, pelo menos, cinco décadas.