clarice lispector
A contribuição da obra de Clarice Lispector na Literatura Brasileira está, sobretudo na produção de um romance introspectivo, raridade entre nossa produção literária. Para compreender sua produção literária, é necessário do leitor um preparo psicológico, já que um primeiro contato com a obra causa um estranhamento no leitor; superada essa primeira etapa, é possível reconhecer sua escrita indefinível, uma mistura de prosa, confissão, discursos internos e poesia.
Clarice Lispector nasceu na Ucrânia em 1925, vindo ainda recém-nascida com seus pais para o Pernambuco, inicialmente, e depois para o Rio de Janeiro. É possível perceber na escritora uma forte identificação com o povo nordestino. Antes dos 7 anos, já inventava histórias. Sua mãe também escrevia, mas Clarice só soube disso através de suas tias, após a morte da mãe. Suas irmãs também eram escritoras. Uma delas, de livros técnicos.
Quando questionada sobre como definia sua produção literária, Clarice diz ser “caótica, intensa, plenamente fora da realidade da vida”. Nunca assumiu a profissão de escritora. Para ela, escrever só quando tinha vontade. Considerava-se amadora e fazia questão de continuar sendo, para manter a liberdade.
Clarice tinha momentos de intensa produção literária. Quando terminava uma obra, ficava “oca”, como ela dizia. Então, escrevia para crianças. Escreveu 3 livros de literatura infantil para seu filho. Ela considerava fácil se comunicar com crianças, pois tinha natureza maternal. Já com o adulto, achava difícil, pois quando se comunicava com o adulto, estava na verdade se comunicando com o mais secreto de si mesma. “A criança tem a fantasia, é solta”. “O adulto é triste e solitário em qualquer momento da vida, basta um choque um pouco inesperado e isso acontece”. Mas não se considerava solitária, pois tinha muitos amigos.
Lispector escrevia para ficar livre de si mesma, para compreender a alma humana. Para ela, escolher a própria máscara é o primeiro gesto humano